O Papel da Inovação na Educação da Engenharia Sem Distância
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Texto por Alexandre Vasconcellos
Para uma inovação ganhar o seu espaço deve mesclar inicialmente tanto a nova quanto as velhas ferramentas, buscando atender clientes
já existentes, enquanto busca os novos clientes, conquistando o seu espaço, mas para isso precisa desempenhar acima das expectativas dos atuais consumidores.
Em muitas escolas tradicionais de engenharia o ensino está migrando para uma inovação sustentada em relação às salas de aula presenciais. Cursos livres estão um passo à frente nesse aspecto, oferecendo os benefícios das ferramentas do ensino online combinados à transmissão ao vivo com todas as vantagens da interação professor/aluno de uma aula tradicional.
O motivo dessa mudança é que os alunos tomam por si próprios a decisão de participar de um curso online para suplementar seu programa tradicional.
Na verdade, muitas vezes outras pessoas tomam esta decisão. Por exemplo, um aluno pode fazer uma faculdade de engenharia tradicional e procurar cursos online de projetos estruturais para ter vantagem competitiva e fazer network com profissionais já estabelecidos que também participem desses cursos. Ao mesmo tempo, esses profissionais que buscaram os cursos livres para atualização interagem com alunos inteirando-se sobre as últimas novidades que estão acontecendo dentro das faculdades e universidades.
As faculdades tradicionais continuarão a existir, muito fortes e não se tornarão obsoletas, mas terão um papel diferente no sistema de ensino superior, estrategicamente direcionado ao aprendizado centrado nos alunos, os professores tornando-se gestores de turmas e de conteúdo, focados em alunos com maiores exigências de desempenho e os cursos abertos de engenharia operacionalizarão a especialização dos alunos para a vida profissional, sejam eles cursos abertos ou pagos.
Dentre as propostas de valor ao aluno desse modelo pode-se citar a individualização, equidade, produtividade, redução de despesas, conveniência, preços baixos, simplicidade e acessibilidade.
Ao longo do tempo, conforme o modelo de ensino à distância se aperfeiçoa, as novas propostas de valor serão poderosas o suficiente para se transformar em ensino sem distância, prevalecendo sobre as salas de aula tradicionais. Num país com dimensões continentais como o nosso, as mais diversas regiões, desde que conectadas à web, não serão mais distantes dos grandes centros.
O ensino online brasileiro passou por percalços, problemas de qualidade e de identidade, mas está passando por uma transformação ascendente, tornando-se paulatinamente melhor. Os computadores tornam-se mais rápidos, baratos e portáveis, cabos de fibra óptica trazem fluxos maiores e mais confiáveis de informações para mais comunidades.
Ferramentas de comunicação e ambientes virtuais livres, gratuitos e abertos permitem um maior engajamento de empreendedores que queiram inovar neste campo. O aluno tem acesso a conteúdos mais atraentes em diferentes formatos: áudio, vídeo e texto. A interação ao vivo com o professor potencializa todas essas ferramentas.
O caminho está traçado e não tem mais volta. A história nos revela que as inovações inicialmente se estabelecem caras, complicadas e centralizadas de forma que somente os clientes com mais dinheiro e habilidade são capazes de usá-las. O desafio passa a ser substituir o caro e complicado com algo que seja tão mais acessível e simples para que uma nova população de alunos e profissionais tenha acesso, disponibilidade financeira e habilidade necessários para contratar e usar o serviço. Para isso é necessário também inovar os modelos de negócio, tornando o ensino mais adaptável, acessível e conveniente.
Essa inovação educacional sustentada é vital para uma educação saudável e robusta.
Após deixar a diretoria da Método Engenharia decidi ensinar engenheiros fora da academia, na qual comecei a vida docente em 1985, e debrucei sobre um plano de negócios em que pudesse entregar conteúdo de qualidade, incluindo temas de pós-graduação, empregando o ensino online em novos modelos que se afastassem da sala de aula tradicional e criei a Engeduca para atender às necessidades dos alunos e profissionais, que aderem a inovações encantados com as novas propostas de valor que elas oferecem, também conhecidos como early adopters.
O modelo operacional que adotei é aquele no qual o ensino online é a espinha dorsal do aprendizado do aluno. Os estudantes, heterogêneos, seguem um fluxo de aprendizagem customizado, mesmo que ele os direcione para alguns momentos offline, supervisionado pelo professor ao vivo durante as aulas e fora delas, para pesquisa e para aplicação do conteúdo e lições online, não dependendo da sala de aula como a conhecemos.
O modelo permite que os alunos percorram o conteúdo no seu próprio ritmo. Sua força está no modo como permite que os alunos controlem o tempo, caminho, ritmo e o local de seus estudos, acessando desde um smartphone a uma smartv.
O professor torna-se um mentor para um aprendizado mais profundo e de habilidades mais sofisticadas voltadas para a prática da engenharia e diminuindo a dependência dos alunos em relação a eles na gestão de seu aprendizado, apesar da intervenção de tutores online quando necessário. Os alunos nunca vão a uma sala de aula.
Embora o modelo em si seja mais sofisticado, o aprendizado dos alunos transcorre de um modo muito mais simples e confiável no acesso a conteúdo e instrução de alta qualidade via internet em vez de depender de instrutores presenciais. Neste aspecto, o modelo é mais intuitivo para os alunos que a estrutura tradicional.
Entretanto há desafios a vencer. Sempre que algo novo surge, o sistema estabelecido os vê como irrelevantes para seu bem-estar. Sei que essa proposta parece com apenas pequenas linhas em uma longa lista de tendências e possibilidades educacionais. Em alguns casos, as empresas que percebem uma ameaça procuram a legislação para eliminar o ensino online.
Ao longo do tempo, no entanto, acredito que essa modalidade de ensino melhorará o suficiente para atender às necessidades de mais estudantes e profissionais, apesar dos esforços para ignorá-los ou extingui-los. Quando isso acontecer, essa modalidade estará num caminho que acabará por levá-la a dominar o sistema tradicional. No entanto, talvez aqui no Brasil, o longo prazo pode ser realmente longo.
Muitas das faculdades e universidades físicas bem-sucedidas do futuro serão provavelmente aquelas que conseguirem oferecer, como sua principal competência, o desenvolvimento acadêmico e de pesquisas desde o primeiro ano do aluno, e então confiarem às escolas com cursos livres online o papel de oferecer a instrução profissional.
Com esta visão, criei um programa de ensino online configurando o corpo de funcionários, currículos, infraestrutura, operações e planejamento integrado com pesos-pesados da engenharia. Quero estar pronto para o futuro. Ele permite aos estudantes um controle significativo sobre o tempo, local, caminho e ritmo nos quais eles podem acessar os conteúdos e instrução. Isso dá aos alunos um protagonismo pessoal em relação ao seu aprendizado vastamente superior ao que é possível em um modelo tradicional de sala de aula.
Até agora, todo o feedback tem sido favorável à metodologia, tecnologia e logística aplicada aos cursos da Engeduca. Em pouco mais de 2 anos já passaram mais de 5.000 engenheiros e arquitetos como alunos dos cursos oferecidos.
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